Friday, September 29, 2006

Alexanderplatz

Berlim, Germany, 2006

Monday, September 25, 2006

Da televisão ao cinema, triste cena!

Nas férias temos tempo para tudo, inclusive para fazermos bolinhas com os macacos do nariz enquanto nos deslumbrarmos com a programação dos nossos canais televisivos em sinal aberto. Não há argumentos e muito menos factos. Há coisas repetidas, as mesmas histórias realizadas por pessoas (apenas) fisicamente diferentes. Se, por ventura, algum programa surge como uma brisa de ideias frescas, é relegado para o quinto dos infernos da grelha televisiva (viva a RTP 2!). Tirando o jornal da manhã e a RTP2, nada mais se aproveita.
O dia televisivo começa bem cedo com um grupo de desocupados e videntes lisboetas a falarem de outros grupos de desocupados e lisboetas em maior grau.
As telenovelas (única, real e séria pandemia com a qual as populações se deveriam preocupar), que vêm depois, rodam das 12 horas até depois da meia noite, e falam sempre da ceguinha ou da menina pobre que também é empregada de limpeza e sabe cantar bem como o caraças e que também tem artes de estilista e de muitas outras coisas. Menina essa, que apesar de ser constantemente atormentada por cólicas renais, consegue descobrir, mesmo ao cair do pano, que os pais eram bué de ricos e que afinal, o final só agora feliz, já deveria ter acontecido há éne de tempo. Já chega de ceguinhas e meninas pobrezinhas, pode ser? E, já agora, passem essas coisas mais cedo que os avozinhos precisam de dormir e as criancinhas têm que levantar cedo para irem à escola.
Depois há uma série de séries em que entram cães e detectives porque a investigação acompanhada de um gato é pouco na moda e ainda ninguém nos outros países europeus arriscou essa espécie de bicho no argumento dos filmes sobre detectives. Nem esse bicho nem outra coisa que não seja sobre detectives. Onde está a nossa criatividade, porra?! Já que o detective tem que ser mesmo detective e tem que andar auxiliado por um animal qualquer, que surja no ecrã com um super-pato que consegue abrir os portões mais secretos e qualquer tipo de lata de cerveja com o seu super-bico, dá para ser?
Os detectives, os polícias, os cães, estão para as nossas séries televisivas como os canalizadores atléticos, os mecânicos oleosos, os fatos de macaco, as meninas com mini-saias aos folhos, as enfermeiras de bata reduzida e branca, os lábios pintados de vermelho, os palheiros, as oficinas e as salas de arrumos dos hospitais estão para os argumentos dos filmes pornográficos: Ultrapassados!
Os concursos e os programas de entretenimentos, conduzidos por gordos e gordas, com comportamentos bipolares, são cópias mal feitas dos programas realizados lá fora. Parece que em Portugal já ninguém tem a capacidade para inventar sozinho, e sem ter que pagar direitos de autor, um cenário para meter quatro ou cinco caramelos a responderem a meia dúzia de perguntas com grau de dificuldade zero.
E os telejornais das oito? Cadela presa e violada desde as 4 da manhã até às 11 da noite sobrevive e consegue escapar-se ilesa das mãos do agressor / O preço do crude atinge novo máximo histórico / Não perca já a seguir, cadela presa e violada desde as 4 da manhã até às 11 da noite que sobrevive e consegue escapar-se ilesa das mãos do agressor / Cinquenta mil corporações de bombeiros combatem um fogo posto no pinhal da Azinheira / Não perca já a seguir, cadela presa e violada desde as 4 da manhã até às 11 da noite que sobrevive e consegue escapar-se ilesa das mãos do agressor / Ricardo bate com o nariz na trave e talvez fique sem jogar nas próximas duas épocas / Não perca já a seguir, cadela...
Irra!, temos uma televisão e um (home)cinema à prova de atrasado mental.
Claro que fico triste!

Tuesday, September 19, 2006

Sounds like teen spirit...

Berlim, Germany, 2006

Monday, September 11, 2006

É a vida

Berlim é de sonho.
No Gauloises, mesmo por trás da catedral de Berlim, na outra margem do rio Spree, toma-se um capuchino caro e olha-se as pessoas bonitas que aí se passeiam. Retiro tudo o que disse, ou fiz questão de não dizer, em relação às mulheres alemãs. As mulheres em Berlim são como Berlim: De sonho! São de paz e de guerra. São bonitas, muito bonitas! Singelas, simples e com um estilo dos que apetece levar às costas, para sempre.
Andei toda a tarde com um livro debaixo do braço apenas para não me sentir de mãos a abanar. Nada de mapas nem de percursos preestabelecidos. Lixo-me sempre com os planos! Um plano é o rascunho ou a antecipação de uma realidade possível e desejável mas, no meu caso, o desenho nunca bate com a realidade, pelo bom ou pelo mau. Berlim… Quis Berlim ao calhas!
Testo o capuchino entre os lábios e a língua enquanto olho a sinceridade da capa do livro misturando-o pacificamente com aqueles movimentos sensuais e sem pinga de vaidade. Lá estava: "Portugal, Hoje – O medo de existir", de José Gil. Abro a primeira página que, sem qualquer dedicatória, começa assim: "É a vida".
Só me apetece chorar. "É a vida"! E que vida a passear-se na minha frente sem eu lhe(s) poder tocar... Sou talvez eu, em Berlim, com "o medo de existir".

Friday, September 08, 2006

Encontrei o meu quinhão…

Horn, Germany, 2006
Ups!... Afinal é cola e nem dá para cheirar.

Thursday, September 07, 2006

Direito de resposta

Cumprindo o direito de resposta que me está concedido, venho por este meio responder aquilo que gostaria que me dirigissem. Gostaria que dissessem que sou um sacana, um desmiolado, um inconsequente, um incongruente, uma criança, um totó, um pé rapado, um verdadeiro borra-botas, enfim, um zé-ninguém. Gostaria que alguém me dissesse isso publicamente para eu poder também responder publicamente. O objectivo é ocupar espaço útil com escritos quase inúteis. Começaria mais ou menos assim: Fazendo uso de um direito de resposta que me está consagrado pela Constituição da República Portuguesa venho por este meio responder a fulano-de-tal pelas difamações proferidas em relação à minha humilde pessoa. E continuaria com: Blá, blá, blá. Depois, porque a pessoa que me insultou também tem o seu direito consagrado na Constituição Portuguesa, viria ela também pelo mesmo meio responder à minha resposta que, do seu ponto de vista, teria sido injusta, manipulada, infundada e pouco comedida. Claro que eu não me iria ficar e continuaria a fazer-me usar do direito instituído para responder à resposta dada à minha resposta que por sua vez tinha sido resposta a um insulto inicial. E por aí adiante.
Estou a ficar sem paciência, e, pressuponho, que como eu todos os outros leitores, para aturar e ler tantas respostas de respostas, na imprensa regional e nacional, sem qualquer interesse ou valor acrescentado do ponto de vista da minha evolução ou da evolução da humanidade. Tudo bem, uma pessoa ou associação tem o direito de se defender mas, se for esse o caso, defendam-se como machos e deixem-se dessas fífias gramaticais que já ninguém entende. Um gajo se quer mandar o outro abaixo de Braga manda-o directamente e sem rodeios, não anda para aí a colar palavrinhas de dicionário. Há que ser directo. Há que ser capaz de fazer o leitor sentir a gana que lhe vai no peito. Há que escrever como se falasse ou gritasse. Há que usar de palavrões se não tiver jogo de cintura para outra coisa qualquer.
Quem está a ler um direito de resposta deve ser levado a sentir e imaginar, sem o mínimo esforço, os perdigotos de saliva a esvoaçarem juntamente com os insultos escritos, ali juntinhos à cara. Deve sentir o hálito de quem escreve a desconcertar-lhe o nariz e o raciocínio. Deve ser capaz de se aperceber, sem qualquer equívoco, que o assinante do direito de resposta está a transpirar e quase a entrar em colapso cardíaco. Deve aperceber-se da espuma no canto da boca do escritor. Deve ter uma imagem do agredido por escrito a borrar-se todo. Deve ser induzido a sentir quando aquilo já está a dar pancada velha. Deve ler nas palavras os primeiros esguichos de sangue, as primeiras cabeças e as pernas partidas, as primeiras orelhas penduradas e olhos fora de órbita, os cabelos arrancados, os dentes e os pedaços de gente pelas valetas. Os direitos de resposta escritos devem ser meritórios ao ponto de provocar tanta ansiedade no leitor que quando este “dá por si” está já com o telefone na mão a chamar os bombeiros. É assim. Toda a escrita devia ser assim, criativa. Os direitos de resposta devem ser assim ou então não valem a pena. Eu acho!